Elogio ao homem comum

Homem comum

Triste vivia

Chora seu luto

Morto sentia

Então lhe vêm

No denso breu

Quatro almas

(Amigo meu!)

“Ah, que susto!”

Grito, espanto!

Daquele homem

Quebrou o pranto

E lho rodeiam

Aproximando

E em sequência

Vão lhe falando:

“Não te apavores

Comum homem

Somos espíritos

Vivos do ontem

Fui general

Mui respeitado

De tantas mortes

Atormentado

Invejo tua vida

Não porque jazo

Mas é que dormes

Inocentado”

“E, então, eu

Que fui um astro:

TV, cinema

E do teatro

Tive dinheiro

Fama, beldades

Mas nada disso

Eram verdades

Tu vives bem

Pois quem te gosta

O faz sincero

Não se importa”

“Olhe, amigo

Aqui do lado

Fui um cristão

Martirizado

Enquanto Nero

Inda reinava

Só escondido

Que eu rezava

E tu, é livre

Qu’eleva o canto

Ao Pai, ao Filho

E Espírito Santo”

“E eis que eu

Vim pra fechar

Esse cortejo

Bem no teu lar

Fui um bom rei

Tão preocupado

Pelo meu povo

Sacrificado

Por tua vida

Simples e fácil

Trocava a minha

E meu palácio”

Após os quatro

Terem falado

Àquele homem

Embasbacado

Logo fizeram

Uma reverência

Cantaram ode

À existência

D’alguém comum

Que compra e paga

Acorda cedo

Muito trabalha

Cada um deles

Na sua hora

Quiseram aquilo

Que o vivo chora

Consciência leve

Autenticidade

Liberdade, paz

E simplicidade

Então, se foram

Logo partir

Fazendo o homem

Comum sorrir

Assim, aqueles

Quatro exemplos

De vida plena

Que nós queremos

Se curvaram à tal

Simples existência

Da luta deles

A consequência

Do homem comum

A dor venceram

Secaram o choro

E o convenceram

Que apesar

De tantas dores

Sua vida tinha

Muitos amores

Dos quais podia

Fazer proezas

Se bem sentisse

Suas belezas!

Eudes de Pádua Colodino
Enviado por Eudes de Pádua Colodino em 19/12/2019
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