PERDÃO
PERDÃO
Gritos rasgam a garganta,
O silencio da noite espanta
Poemas vãos a sangrar
Desejos lanhando a pele
Tortura cruel que impele
Em distorcida ilusão mergulhar
O suor de antigos anelos
Hoje encharcam os pesadelos
Angustiosa e dorida solidão
Os férteis campos do amor
São áridos desertos de dor
Sentimentos em reclusão
Lágrimas riscam a face
Irrigando o terreno onde nasce
A semente da incerteza
Antes o romance eterno
Agora somente o inferno
Exposto em mórbida crueza
Pensamentos hediondos trespassam
Intenções insanas devassam
Um peito dilacerado
Os versos de um novo poema
Resgatam o velho tema
Num ato desesperado
Recurso de sobrevivência
Depois de perdida a inocência
Voltar a ter esperança
Encontrar um final feliz
Conviver com a cicatriz
Evitar incomoda lembrança
Buscar um novo olhar
Deixar o tempo curar
A chaga da incompreensão
Aplainar o inóspito caminho,
Retirar o incomodo espinho,
Encontrar enfim, o perdão.