Conversa com meu filho

Meu filho você não faz idéia

De quantas vezes em exercícios de futurologia,

Eu te carreguei em meus braços.

De quantas vezes te levei ao parque

Em intermináveis passeios imaginários.

Quantas conversas francas, risadas gostosas,

Mesmo daquelas piadas sem graças

Que um milhão de vezes em meus sonhos

Dormindo, lhe contei.

E quantas vezes ao chegar em casa

Após um dia de trabalho estafante

O seu abraço reconfortante

No abraço de sua mãe eu busquei.

Nos álbuns de família,

Quantas vezes num primeiro momento,

Sua foto eu jurei enxergar.

E quantas horas, depois eu passei,

Tentando-a outra vez encontrar.

E reclamei de mim mesmo

Pela falta de organização.

Na bagunça da casa,

Quantas vezes, eu te procurei pelos cantos,

Criança travessa escondida.

Mas, diante do espelho minha cara de bravo,

Era por saber que seu esconderijo na realidade

Era em algum lugar da minha vida.

Quantas vezes meu filho eu e sua mãe

Tivemos que justificar sua ausência

Nas reuniões familiares de final de ano.

E milhões de vezes inventamos respostas

Para a mesma pergunta.

Não estou reclamando filhinho

Só que estou querendo lhe mostrar

O quanto papai te ama,

O quanto papai te espera.

Agora vejo que tudo faz sentido.

Que em cada momento da minha vida

Da sua maneira, ainda assim na sua ausência,

Você se fez presente.

E hoje quando eu te vejo crescendo

Na barriga da sua mãe,

Sei que és real

E vieste para ocupar o lugar

Que sempre foi seu.

Sei que existes também para provar

O quanto Deus é sábio, poderoso,

Acima de tudo, generoso.

Felizes são os que nele crêem.

Certamente como eu,

Todos serão recompensados.

Todos a seu tempo.

Somos meros mortais

Mas, jamais podemos deixar de acreditar

No amor e no poder de Deus.

Nunca devemos duvidar de seus designos

Pois, para o nosso Deus não existe o impossível

Edson Satler
Enviado por Edson Satler em 19/04/2006
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