PROSSEGUIR/PARAR

A Rosângela e Aliazibe

em seus 23 anos de matrimônio

Reencontrei-me contigo estes dias.

Não foi uma busca insana nos teclados do piano:

ali o som emudeceu com a passagem dos anos.

Foi um grito da derme

nos acordes da esperança

como um grito na garganta

preso pelas cordas de lençol retorcido

lançadas do último andar...

Tudo em mim vai se cumprindo aos poucos

e me assusto com a pele envelhecida

os cabelos escassos

e as lembranças do amor.

Das pétalas coletadas nos trilhos dos anos

eternizo o perfume, a cor e a tessitura

por isso parar é a opção de deixar como está

reviver as emoções, engarrafar o perfume

e entrar numa máquina qualquer que

me leve ao horizonte da satisfação.

Mas os dias estão gravados na memória,

nas rugas, nas veias, nas marcas do tempo

e eles me lembrarão sempre que a vida

não anda para trás: é um constante devir!

E eu me reencontrarei sempre com você

para o infinito, para a eternidade,

porque daqui há um pouco

(meu humano coração pede que seja muito)

novo reencontro se fará na eternidade,

pois somente ali nosso amor

alcançará a dimensão divina que águas

nenhumas poderão extinguir...