OS CUPIM TÃO GRANDE
Meu cumpade Menergirdo
eu vinha vindo prá mor de lhe visitá ocê
e vinha vindo pelas trilha do mato mole,
co cavalo do meu marido...
-Queles mato tão cerrado de arto e grande!
Do tamanho duma casa, os capim tão!
Quandp avistei lá longe, perto dos cupinzêro
que no campo tinha, um home lá,
-"Quem será quele home?" ieu pensei
e fui indo... fui indo...
Foi então que eu vi Adão.
_"Que que hove, Adão?" Preguntei
Ele, que estava distraido virô lento pr'eu
e foi naquela horica, que me espantei!
-Ave, Adão! que que ocê tá fazendo com
esse cumpim tão grande?
Os cupim tudo acerca dele e ele gritava
co' cada mordida que eles dava nele
e ele co cupim tão grande na mão,
que não largava e me arrespondeu:
-Quero tirá o barro das base do cupinzar,
que é pra mor de levá pro pé do Menergido!
(Desconfio que deve Adão de sê curadô!)
- "E isso vai curá os pé dele?" Preguntei.
-"Não, mais vai fazê caí mais dipressa!"
-"Caí?! Será que foi isso qu'eu oví, Adão?"
-"Se ocê num tá surda, oviu!"
"-Ocê nun tá sabendo que os pé dele
tá cherando carniça?! que sá Rosa, muié dele
num guentô: feiz as troxa, pegô um pau lá da
cerca dela e foi busca a porca dela, a lina,
(por morde que foi ela que criô Lina)
pegô as coisa qu'ela tinha... pegô umas pranta
morta dela e se apartou dele??!!"
Ah cumpadi, eu apeei do cavalo do meu marido
e falei ansim prele:
-"Ocê abri os óio e ovi Adão, o que eu vô falá procê:
Si ocê quer me ter por amiga, vai me ter pra vida toda!
Mais isso que ocê tá pensando, num vai fazê mesmo!!
prôs pé do cumpade Menegirdo!!"
-Mai isso é prele num sofrê, não!
Que a gente imbarra os pé dele e
abafando os bicho faiz o serviço a vontade
num chera nem nada e abrevia o sufrimento!
Intonce, cumpadi, foi purisso que ranquei o
cupinzero das mão dele e troxe!
Deu vuntade de vê o sôr, quesse
cupim tão grande, nas mão!
Eme Paiva