Zé Cagado
Andando eu a guardar,
No campo o mê rebanho,
Aptecemeu de assoar,
Limpê à manga o ranho.
Tirei um macaco do nariz
E lempê á camisa o dedo,
O macaco lá ficar nâ quis
E tive de lhe meter medo.
Passê o dedo pelo rego
E o macaco assustô-se,
Apetecême dar um treco
E minha mão cagô-se.
Limpê a mão à camisa,
Senti as nádega molhada,
A camisa era ainda precisa
Secava e nâ se notava nada.
O pêdo tinha sido forte,
Fiquê ca fralda encharcada,
Tive dabalar pró monte
A andar de perna escancarada.
Era eu a andar prá frente
E o cu a bufar pra traz,
Andê muto mas finalmente
Cagar mais nã fui capaz.
A mulher se assomô
E assustussô-se quando me viu,
Aquilo tã mal lhe cherô
Que logo ela me fugiu.
Deixô-me prali sozinho
Sozinho e todo cagado,
Resolvi ir pró mê cantinho
Quando ela voltô, tava dêtado.
Já nâ chêrava tâ mal,
Aquilo já tinha secado,
Fizemos um acto sexual
E o gaiato ficô criado.
Logo lhe escolhêmos o apelido,
A mim será dedicado
Por isso não será José Fingido
Mas sim José Cagado.
Francis Raposo Ferreira