ODE AO FÍGADO
Oh fígado!
Tu que és tão guerreiro
e me acompanha
do dia primeiro
ao fim do mês,
nas noites e de dia
nas idas a Vadiagem
na busca por poesia
nas viagens
em copos de cerveja!
Oh fígado!
Tu sim és amigo
não esqueça
que estou contigo
ninguém nos separa,
seja Vodka ou Montilla,
Ypioca ou Sapupara,
O que vier de cachaça
Brindamos a Hipocrisia
Bebamos a rechaça!
Oh fígado!
Só não vá embora
Antes de chegar à hora
Em que embriagado
Recorde dela como signo,
Vitupere-me se por acaso
Não mostrar-me digno
Do que bebo
E recupere-me o juízo
Da ilusão que persigo
O meu coração
Impressor de amar
Minha sina solidão,
Descarte do raciocínio
A arte da razão,
venho a ti no seu desígnio
proclamar de antemão
que troco sem pensar
o que bate no meu peito
por dois de ti refeitos
oh fígado!