Para Ver a Empregada Tomando Banho

Pegue dois grãos de arroz bem molinho,

Com o dedo indicador mova-os na mesa,

Até que se transformem em um bolinho,

E fiquem com uma cor cinza-tristeza.

Na porta do banheiro da empregada,

Faça um furo, discreto, pequenininho,

Um verdadeiro buraco de quase-nada,

Com a ajuda de bom e fino preguinho.

Terminado o imperceptível orifício,

Enfie nele o micro-bolinho de arroz,

O que não lhe será lá muito difícil.

(Mas você “não saberá” quem o pôs..)

Quando ouvir que ela ligou o chuveiro,

Vá pé ante pé, parando até de respirar,

Até a porta do que chamam de banheiro,

Tire o bolinho, meta o olho, e é só espiar.

Se o banheiro for mesmo muito pequeno,

Dos que os cotovelos batem nas laterais,

Cara, a gente fica mesmo no maior veneno,

Só consegue ver o que não interessa mais.

Por isso siga o meu conselho de veterano,

Quando for comprar o seu apartamento:

O banheiro pode até ser médio, mediano,

Mas tem que ter muito bom comprimento.

(Se a empregada for um avião, gente fina,

Tome todo cuidado, meu prezado amigo:

Não deixe que a esposa taque ali a cortina,

Nem box fosco, daquele tipo bem antigo.)

Fernando Brandi
Enviado por Fernando Brandi em 14/06/2007
Reeditado em 19/06/2007
Código do texto: T526283
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