Para Ver a Empregada Tomando Banho
Pegue dois grãos de arroz bem molinho,
Com o dedo indicador mova-os na mesa,
Até que se transformem em um bolinho,
E fiquem com uma cor cinza-tristeza.
Na porta do banheiro da empregada,
Faça um furo, discreto, pequenininho,
Um verdadeiro buraco de quase-nada,
Com a ajuda de bom e fino preguinho.
Terminado o imperceptível orifício,
Enfie nele o micro-bolinho de arroz,
O que não lhe será lá muito difícil.
(Mas você “não saberá” quem o pôs..)
Quando ouvir que ela ligou o chuveiro,
Vá pé ante pé, parando até de respirar,
Até a porta do que chamam de banheiro,
Tire o bolinho, meta o olho, e é só espiar.
Se o banheiro for mesmo muito pequeno,
Dos que os cotovelos batem nas laterais,
Cara, a gente fica mesmo no maior veneno,
Só consegue ver o que não interessa mais.
Por isso siga o meu conselho de veterano,
Quando for comprar o seu apartamento:
O banheiro pode até ser médio, mediano,
Mas tem que ter muito bom comprimento.
(Se a empregada for um avião, gente fina,
Tome todo cuidado, meu prezado amigo:
Não deixe que a esposa taque ali a cortina,
Nem box fosco, daquele tipo bem antigo.)