Balança mas não cai

Onde arrumaste essa pança?

Em que tempo formaste essa ruga

que em tua face dança

e nem teu mau humor expurga?

Tua vista já cansada lacrimeja

tentando suavizar a fadiga;

mas a luz que lampeja

é ilusão de ótica entorpecida.

Debalde lutas contra o tempo

que vem do sul e do norte

devorando cem por cento

o teu músculo mais forte.

Os teus cabelos brancos

são um sinal do teu fracasso?

Já não tens os mesmos encantos

nem a firmeza no passo?

Estás feito o velho edifício

que outrora era demais

e, hoje, em situação difícil,

balança, mas não cai.