Nuvens em Concreto

Perto das nuvens pintadas no muro

No concreto secreto onde não venta

As nuvens não cedem ao escuro

Da noite que o dia ainda lamenta

Há quem nunca pare de cantar

Há nuvens que nunca param de andar

Não precipitam, não chove, e o ar

Se cansa ao céu e ao canto de lá

Não é água, muito menos algodão

São nuvens de cimento, de lamento,

Não caem só por força de solidão

Há de se ter todo o peso do lamento

Que os lamentos são jogados ao céus

Não à terra que dá o fruto da vida

O céu é que suporta os lamentos teus

E o muro de nuvens, suporta suas dívidas.

Júnior Leal
Enviado por Júnior Leal em 20/07/2009
Código do texto: T1709704
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