Plêiade

Apresentou-se a mim neste instante

um senhor distinto;

dizendo-se sabedor do que sinto,

leu-me suas cartas este cartomante.

Fez de minha sala, um camarim

e de minha mente, um teatro

onde se exibe a peça de uno ato

com magníficas cenas n’um rol sem fim.

Acompanhando-o, um outro moço,

orador da filosofia epicurista

falou-me que mesmo nos jardins futuristas

um ser humano carecerá d’outro.

Embeveceu-me este segundo

com seu discurso aristotélico.

Disse-me que no estado d’amor, patético,

torna-se o mais sábio homem do mundo.

À presença destes caros, se não me bastasse,

visita-me neste interstício

um jovem com ares de quem veio do hospício,

vociferando versos drummondianos, tal um vade.

Todos estes homens incrustados na mente

e uma onipresença semelhante à de Deus

embaçam-me o espelho, dantes transparente;

combalida a razão, vejo-me análogo a Zeus e Orfeu e Romeu.

Cid Rodrigues Rubelita
Enviado por Cid Rodrigues Rubelita em 21/06/2006
Código do texto: T179679