Plêiade
Apresentou-se a mim neste instante
um senhor distinto;
dizendo-se sabedor do que sinto,
leu-me suas cartas este cartomante.
Fez de minha sala, um camarim
e de minha mente, um teatro
onde se exibe a peça de uno ato
com magníficas cenas n’um rol sem fim.
Acompanhando-o, um outro moço,
orador da filosofia epicurista
falou-me que mesmo nos jardins futuristas
um ser humano carecerá d’outro.
Embeveceu-me este segundo
com seu discurso aristotélico.
Disse-me que no estado d’amor, patético,
torna-se o mais sábio homem do mundo.
À presença destes caros, se não me bastasse,
visita-me neste interstício
um jovem com ares de quem veio do hospício,
vociferando versos drummondianos, tal um vade.
Todos estes homens incrustados na mente
e uma onipresença semelhante à de Deus
embaçam-me o espelho, dantes transparente;
combalida a razão, vejo-me análogo a Zeus e Orfeu e Romeu.