O Amargo da Língua.

O Amargo da Língua.

(Sávio Assad)

Sei...

Ainda escorre em minha boca o

fel do seu sorriso seco e sem graça,

que por muito tempo guardei soterrado

nos porões dos meus sentimentos.

Ainda tateio no interior de meu corpo,

procurando seu corpo gelado e oculto

dos meus olhos azuis, feito contas de

um conto sem brilho e sem estrelas.

Ainda vejo o piscar de uma luz, apagada

pelo tempo, negando a mim mesmo, o

clarão de um lampejo distante e em mero

acaso me desnudo desse imenso lugar.

Fala, destila este veneno insano e sana

do seu âmago a amargura de uma dor

sucumbida, pelo tempo, pela dor e pelo

desprezo de seu próprio amor, sem amor.

Niterói - RJ - 27/12/2009

Sávio Assad
Enviado por Sávio Assad em 27/12/2009
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