Mão sedenta

Vou rasgar esse peito!

Tirar as costelas do caminho rejeito

Sentir quente sangue na sedenta mão

Sedenta por você, latente coração

Essa mesma mão cansada por ti

ainda tem forças para te esmagar

querendo cessar seu efeito pulsante!

Pois essa alma quer caber em si!

Mesmo que por curto instante!

Arrrr...

Aperto-te como aflinges meu peito...

Arrrr...

Chega de tanto arder em mim!

Arrrr... isso! Pare! PAREEEE!!!!

trim, trim, trim, trim

Hein?! Ah... Que sonho!

Droga, já estou atrasado!

Tomo um café medonho feito por mim

e tenho que ver como vou arrumado...

Um cotidiano chato para um chato!

E salto pela porta com o rádio em cantoria:

"sem o amor eu nada seriaaaaa..."

(mais tarde...)

Lar, doce lar...

Vejamos o que tem na TV

Deixe-me esticar no sofá

(alguns minutos depois...)

Zzzzzzzzzzzzzzzzz...

Eu esmaguei-o!!!

Até a mão sedenta ceder

E fracassei, só bate mais firme!

Então em rubro sangue e letras,

fonte no peito aberto em sarjeta,

deixei uns versos em trilha

para quem quiser ver

esse desesperado ao final concluir

como Camões já concluíra:

"Que dias há que n'alma me tem posto

um não sei o que, que nasce não sei onde,

vem não sei como, e dói não sei porquê."