Aborto da estranheza

Mesmo que com outrem coexista

A essência de minh’alma é solitária.

E aproveitando-se do meu veio de artista

A angústia triste me é embrionária.

O passo seguinte do embrião é tornar-se feto

Humilhando-me por eu não poder deixar semente

Nesta terra onde a felicidade é desafeto

De quem um grande amor não sente.

Temo que o feto cresça e que me rasgue o ventre

Espalhando minhas vísceras na tempestade

Fazendo-me indigno da humana piedade.

Portanto, quero que se me apodere e me entre

Pelo coração as brisas de um calmo porto

E desta estranheza faça-me um frio aborto.

Cícero – 25-10-02

Cícero Carlos Lopes
Enviado por Cícero Carlos Lopes em 16/08/2012
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