Versos Metafísicos

Riscos e nada mais;

Palavras:

Simbologia do pensamento.

Papel, tinta, caneta;

Contexto:

Signos do entendimento.

No meio de elegias e ditirambos,

Na dialética do todo e do nada,

Nasce uma poesia obscura e clara

Que de noite é iluminada

Pela maiêutica dos pirilâmpos.

Nos ponteiros do cosmos

Não vejo a hora que passa.

Voei, virei o rosto

E dei de cara com a bola azul.

Nos meus ouvidos um só zunido.

E eu tentando entender o que era.

Ouvi a agitação de uma imensidão azul

Que tentava engolir a si mesma.

Cheguei mais perto,

para entender o que era.

Vi movimento, vi luz, vi sombra,

Vi a totalidade se fragmentando

em cores, seres, forma e matéria...

Vi uma ordenação natural das coisas:

“A lei que nenhum código postula!”

-o início e o fim-

E fui chegando mais perto.

E vi que nada tem sentido isoladamente,

Terra, folha, árvore, ar;

Água, fogo, vento, ventre, vida;

Pensamento, linguagem, idioma, expressão,

Entendimento...

Homo-sapiens sapiens o que não sapiens?

Vi antes mesmo do pensamento...

Um mundo que nenhuma ontologia explica,

E me rendi à lingüística,

Pois é dela que me valho para explicar o que não sei.

E fui chegando mais perto.

E já não entendia mais o que eu estava por entender,

Vi o colorido de um mundo sem cor,

Vi a vivacidade de um mundo sem vida

-parturientes concebendo o que não existe-

Pobres signos órfãos de pai e mãe,

Que tem por genitores a convenção das idéias,

Damos-lhes uma pseudo-vida dentro do pensamento,

Em troca do entendimento do que pensamos.

O que são eles sem nós?

E o que seríamos sem eles?

E bem perto cheguei...

Valendo-me dos códigos do imaginativo

Contextualizo-me num mundo real e simbólico

E vi que:

Assim como a licença poética

Aceita as extravagâncias da linguagem;

O pensamento concebe a construção de um mundo irreal

Porém, existente dentro da nossa existência.

E fui indo mais longe...

Guiado pelos impulsos do imaginário

Já não sabia mais a que mundo eu pertencia.

Não tinha eu a certeza das pedras que não se questionam.

Vi coisas,

Conceitos de coisas,

Entendimento de coisas,

E nada disso pertencia as coisas.

E fui indo mais longe...

Tentando alcançar o horizonte,

Tentando buscar meu sentido.

Transfigurei a realidade

E para mais longe ainda fui...

Vi os fragmentos se unificando,

E vi que só o entendimento pertence a nós!

Pois nem nós pertencemos a nós mesmos.

Temos a perenidade para quem prestamos conta.

E, a pedido dos versos,

A licença poética abre passagem

Por qualquer raciocínio lógico formal,

E forja meu vôo especulativo ao cosmos.

Para eu acabar constatando,

Que nada daquilo que acima foi dito,

Altera o movimento da imensidão azul

Que tenta engolir a si mesma!!!