Clausura

Talvez seja deprimente,

talvez não.

Pode ser o uísque sem gelo

me deixando neste estado letárgico.

Depressão.

Um barulho de vento no coração.

Tanto esforço na recuperação.

Em vão.

É em vão o psiquiatra,

as frases escritas na calçada

as flores no vaso pela chegada

as festas

o sexo sem cuidado

o orgasmo gritado, descabelado, unhado.

Já não servem pra nada

os lençóis

a cortina

a luz vermelha.

Depressão.

É um anjo vingador

sentado no fundo dum corredor muito

comprido

por onde passo com

passos claudicantes.

Vou tateando a parede

procurando o interruptor e

o que me guia é a brasa

do cigarro que esse anjo fuma.

A luz de uma vela colocada

na parede acima de sua cabeça.

Preciso acordar logo desse

pesadelo.

Quero sair correndo,

gritar por socorro,

mas uma mão invisível

me sufoca

impede meu grito.

Rasgo as roupas e minhas unhas

me machucam.

Preciso achar a porta.

Preciso sair logo para a luz

e encontrar novamente a paz.

Talvez seja o tédio

talvez a tequila que me dá náuseas.

É a depressão

que inunda minha vida

sufocando minha alma

impedindo meu vôo para o alto

sempre para o alto.

Para a luz.

Para onde está a luz!

Margot Jung
Enviado por Margot Jung em 25/04/2007
Código do texto: T463119