O que você se tornou?

Uma folha verde...

aquela que teme cair.

Uma folha medrosa se agarra ao caule.

Mal sabe ela que cedo ou tarde cairá.

Assim é você,

medo de cair, seja qual for a queda.

Um coração vazio,

trancado, amordaçado,

com milhões de trancas e chaves.

Para que guardar algo atrofiado?

Perde seu tempo querido meu...

Guardou tanto tempo. Escondeu.

Fez-se de bobo quando te pediram.

E agora, nem lembra o que tanto guardou.

Talvez agora nem haja mais valor.

Dinheiro guardado por muito tempo,

vira apenas papel.

O que para mim era valioso,

hoje nem quero mais...

nem sei se um dia quis.

De que adiantou?

Foi tão longe, descobriu algum tesouro?

Esqueceu-se do que realmente buscava?

Quantas viagens mais?

Já não te vejo com tanto ânimo.

Na verdade começo a notar em teu semblante

traços de cansaço.

A fadiga tomou tua vida.

Travaste uma guerra contra coisa alguma,

pôs toda a fúria num inimigo apenas.

É sombrio ver-te no frio intenso,

com a mais terrível geada,

correndo, bambo e torpe,

sozinho com uma espada.

Em futuro próximo imagino a cena:

Você em belo gramado,

todo vestido de branco...

E ao esboçar som... parecer uma ema.

E eu a chamar-te doçura...

O médico desenganando: loucura!

Luandra Russo
Enviado por Luandra Russo em 15/05/2007
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