O que você se tornou?
Uma folha verde...
aquela que teme cair.
Uma folha medrosa se agarra ao caule.
Mal sabe ela que cedo ou tarde cairá.
Assim é você,
medo de cair, seja qual for a queda.
Um coração vazio,
trancado, amordaçado,
com milhões de trancas e chaves.
Para que guardar algo atrofiado?
Perde seu tempo querido meu...
Guardou tanto tempo. Escondeu.
Fez-se de bobo quando te pediram.
E agora, nem lembra o que tanto guardou.
Talvez agora nem haja mais valor.
Dinheiro guardado por muito tempo,
vira apenas papel.
O que para mim era valioso,
hoje nem quero mais...
nem sei se um dia quis.
De que adiantou?
Foi tão longe, descobriu algum tesouro?
Esqueceu-se do que realmente buscava?
Quantas viagens mais?
Já não te vejo com tanto ânimo.
Na verdade começo a notar em teu semblante
traços de cansaço.
A fadiga tomou tua vida.
Travaste uma guerra contra coisa alguma,
pôs toda a fúria num inimigo apenas.
É sombrio ver-te no frio intenso,
com a mais terrível geada,
correndo, bambo e torpe,
sozinho com uma espada.
Em futuro próximo imagino a cena:
Você em belo gramado,
todo vestido de branco...
E ao esboçar som... parecer uma ema.
E eu a chamar-te doçura...
O médico desenganando: loucura!