Me distraio
Sou a inveja do vento
Mas deixei de me distrair
Com os rotos invernos
Há mais de setenta sinos
Naquela cruz, largada sobre os teus pés
Abdiquei eu de fazer histórias,
Dos mais belos vestidos de tule
Sem jamais recusar todos os sete pecados
Todo desconforto dos poemas,
Todas as tuas bocas,
Tudo o que sempre foi o meu caos
Se transformou nos nossos anseios mais toscos
Foi longe de hoje, que tu recusaste
Minha pequenina porção de angelicais toques
Foram de forma descontínua que permiti levar-me
Para o meio da tua soberba
Vendi os meus sapatos,
Salguei os meus olhos,
Acarinhei as lápides,
Brinquei enfim de ser besta
Deixei de ter mãos,
Minha grama não mais gorjeava
Ou se quer minha identidade tinha cor,
Rocei pela última vez nas janelas inconstantes de minha vala
A mais bela de todas as pegadas
Foi então refeita sem esmero algum
Mas sei eu que feri todos os teus vales
Sem tu afagar os meus já velhos urros.