Me distraio

Sou a inveja do vento

Mas deixei de me distrair

Com os rotos invernos

Há mais de setenta sinos

Naquela cruz, largada sobre os teus pés

Abdiquei eu de fazer histórias,

Dos mais belos vestidos de tule

Sem jamais recusar todos os sete pecados

Todo desconforto dos poemas,

Todas as tuas bocas,

Tudo o que sempre foi o meu caos

Se transformou nos nossos anseios mais toscos

Foi longe de hoje, que tu recusaste

Minha pequenina porção de angelicais toques

Foram de forma descontínua que permiti levar-me

Para o meio da tua soberba

Vendi os meus sapatos,

Salguei os meus olhos,

Acarinhei as lápides,

Brinquei enfim de ser besta

Deixei de ter mãos,

Minha grama não mais gorjeava

Ou se quer minha identidade tinha cor,

Rocei pela última vez nas janelas inconstantes de minha vala

A mais bela de todas as pegadas

Foi então refeita sem esmero algum

Mas sei eu que feri todos os teus vales

Sem tu afagar os meus já velhos urros.

Stephanie Correia
Enviado por Stephanie Correia em 01/07/2007
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