À Cabeça Satânica

Ser dos túmulos frios do agreste magro,

Suma das cercas deste solo agro

Que os arames farpados estrangulam.

Cobre tua língua podre e mutilada

Entre os lábios; demônia degolada,

Ser dos grávidos olhos que fagulham.

Teu escárnio satânico esmorece

Nossos cérebros doentes. Amanhece,

Mas de nosso terreiro não te vais...

Ficas a esbaforir por entre as frestas,

Podridão das substâncias indigestas;

De tamanho horror nem oramos mais...

Agonia... Inferno que nos cerca!

É o inferno de ver que tudo seca

E ter de dormir com os diabos coxos.

Da janela com cruzes urticantes

Ver o crânio erguer suas crinas dançantes

E um clarão revelar dos olhos roxos.