## DESVARIO ##

Sentiu a cama se mexer.

Abriu os olhos reticente...

No teto aranhas construíam suas teias em fileiras. Jamais tinha visto teias enfileiradas...

O quarto não era o seu. Um cubículo fétido empestado de escorpiões e muito sujo. Não aparecia nada nem ninguém. Precisava sair dali! Mas não tinha como! Impossibilitada de se mover chamava por alguém da família. Ninguém aparecia.

Imóvel e aterrorizada, chorava. Havia um homem no canto do quarto com chapéu na mão pedindo dinheiro. Estava com as roupas rasgadas e manchadas de sangue. Chamou, chamou, mas ele não escutava. Estava ali, simplesmente, parado.

Um morcego entrou pela janela semi-aberta, cruzando o quarto e entrando pela porta do banheiro, onde o chuveiro parecia ligado.

Quem está aí???

Ninguém respondia.

O frio subia pela barriga, a boca seca, coração acelerado. Alguém lá embaixo cantava um fado. Que horas seriam para essa cantoria????

Vozes vinham do corredor enquanto o medo asfixiava, sufocando e impedindo que falasse. Sem saber o que acontecia, apenas fechou os olhos e rezou.

Alguém de branco a acordava. Estaria no céu?

Abriu os olhos. O quarto limpo e claro, janelas abertas e um dia lindo lá fora.

Afinal, quem a trouxera de volta?

(Taciana Valença)

TACIANA VALENÇA
Enviado por TACIANA VALENÇA em 06/06/2019
Código do texto: T6666296
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2019. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.