ONISCIÊNCIA

Desde cedo ficou provado

Que sem mim não existia a razão

Levei a liberdade por onde andei

Dei asas à imaginação.

Na vida me manifesto em diferentes visões:

Nos gênios, a genialidade

Nos amantes, a paixão

Nos viciados, a viagem

Nos artistas, a criação

No ateísmo, a camuflagem

Na fé, a religião

Nos perdidos, a vadiagem

Nos homens sérios, a razão

No radical, a ideologia

No crente, a devoção

No palanque, a promessa

No Pedante, a sedução.

Graças à minha existência, muito se sabe da vida

A verdade revelada

A hipocrisia despida

Sou inocência mansa

Ou violência incontida

A mente de uma criança

A mesma do fim da vida

Onde o ponto de chegada

Coincide com o de partida.

Filha da razão perdida, sou a razão da minha negação

A felicidade dos ricos

A humildade dos pobres

A derrota dos fracos

A vitória dos fortes

A sapiência dos olhos

A cegueira da mente

O altruísmo da esmola

A salvação da oferta

A confiança contida

O olhar pela fresta.

Muitas são as formas de minha manifestação

Nos que tentam me evitar, nos que saem à minha procura

Sinto aqui decepcionar aos que acham que tem uma cura

Porque não sou uma doença. Muito prazer, Sou a loucura!