Primal

Delineado encontro nas noites

Seu contorno tão conhecido

No céu encharcado de estrelas

Ainda vejo seu coração

Que pulsa na repulsa vil

Que só você viu em meus sentimentos...

Atiras palavras em farpas espessas

Contra meu coração cansado

E agora jogado em um canto

Repousa meu amor na solidão

Como um cão te farejo

Nos desejos que ainda sinto

Nos confrontos insanos

Do seu corpo, contra o meu coração...

Seu contorno tão conhecido

É visto nas nuvens, nas sombras

E nos escombros da minha agonia

Quando chega o dia, não sou mais eu...

Não me vejo no espelho

Translúcido como um vampiro

Respiro seu cheiro, seu vagar

Bem devagar me consumo

No mais rico insumo que é seu ser...

Te sinto, ainda te sinto me espreitando

Pode ser loucura, não sei

Só sei que sinto seu toque

Nada mais sei de mim

Mas de ti, só sei que sinto

Sinto que em cada rosto estranho

Seus olhos mais maleáveis que o estanho

Fundindo minha alma com a dor

E com amor, sepultando minhas esperanças...

Paulo Raven
Enviado por Paulo Raven em 11/02/2020
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