Primal
Delineado encontro nas noites
Seu contorno tão conhecido
No céu encharcado de estrelas
Ainda vejo seu coração
Que pulsa na repulsa vil
Que só você viu em meus sentimentos...
Atiras palavras em farpas espessas
Contra meu coração cansado
E agora jogado em um canto
Repousa meu amor na solidão
Como um cão te farejo
Nos desejos que ainda sinto
Nos confrontos insanos
Do seu corpo, contra o meu coração...
Seu contorno tão conhecido
É visto nas nuvens, nas sombras
E nos escombros da minha agonia
Quando chega o dia, não sou mais eu...
Não me vejo no espelho
Translúcido como um vampiro
Respiro seu cheiro, seu vagar
Bem devagar me consumo
No mais rico insumo que é seu ser...
Te sinto, ainda te sinto me espreitando
Pode ser loucura, não sei
Só sei que sinto seu toque
Nada mais sei de mim
Mas de ti, só sei que sinto
Sinto que em cada rosto estranho
Seus olhos mais maleáveis que o estanho
Fundindo minha alma com a dor
E com amor, sepultando minhas esperanças...