Sussurros do Abismo
Na casa sombria onde o vento gemia
O mal se erguia, trazendo agonia
Paredes choravam, sombras dançavam
E olhos ocultos na noite espreitavam
A criança, tão pura, em trevas caiu
Sua voz delicada o inferno atraiu
Com risos distorcidos, um eco mortal
Chamava o demônio de forma banal
Espelhos quebrados mostravam além
Um rosto medonho que ria também
Luzes piscavam, o ar se extinguia
E o frio da morte à alma subia
"Venham, meus servos!", dizia o tormento
Cada palavra trazia um lamento
A mãe, desesperada, ao chão se lançou
Enquanto o mal gargalhando dançou
O padre chegou com sua cruz em punho
Mas logo tremeu ao ver o infortúnio
O espírito rugiu, a fé balançou
E no peito do homem o medo reinou
No último ato, a luta esmorecia
Mas a luz da coragem no peito ardia
O padre clamou, entregou seu viver
E o mal, derrotado, a retroceder
Agora, na casa, só ecos restaram
Das almas que um dia por lá passaram
Mas cuidado, viajante, não vá se esquecer
Que o mal nunca dorme, só finge morrer