Subindo ao Céu com Pressa

Depois de vagar pela cidade,

de cruzar parques e avenidas

com teus dedos entrelaçados nos meus,

depois de matar a sede de nos olhar,

te disse: *"Vamos às nuvens."*

Subimos no elevador,

sem perguntas, sem palavras,

apenas aquele silêncio cúmplice

que diz tudo sem falar.

A fechadura eletrônica resistiu,

como se o céu tivesse medo

do que iríamos fazer,

mas enfim cedeu,

e entramos no paraíso

sem pedir licença.

Nos beijamos sem cerimônia,

como quem apaga um incêndio

com gasolina.

Era a hora dos corpos,

de afogar a saudade

que escorria pela pele.

E ali, no vigésimo quarto andar,

a cidade foi testemunha:

dois loucos se fundindo em sombras,

dois fantasmas pintando o ar

com as cores do desejo.

Porque o amor, às vezes,

não cabe no chão,

é preciso roubar um andar do céu.