Ele
O tempo passa,
Nossa perspectiva muda.
E ainda tô enfrentando meu medo,
E sinto que acerto bem menos que erro.
Madrugada, deitado
Ainda me assusta...
Minha mente está menos solitária.
Vivo uma guerra constante entre mim e o meu ego.
Caso um dia eu perca essa luta,
Juro que não me surpreendo.
Até porque,
Ninguém sabe o limbo em que vivo.
Ninguém enxerga as dores
Por trás de um sorriso...
O reflexo do espelho
É meu pior inimigo,
Tenho que matá-lo.
E sempre me diz que sou fraco.
Cheio de arrependimento e fracasso.
E outra vez tento acorrenta-lo.
Porque se eu não dominar,
Ele me domina.
A única solução plausível
É descontar na escrita.
Eu me sinto meio estranho,
A sombra da minha mente tá aumentando de tamanho.
Não importa o quanto estou tentando.
Em briga com meu ego,
Eu sempre apanho.
"Ele" diz que vai me deixar forte.
Que não preciso de sorte.
Pra não confundir ambição com ganância.
Que vai machucar quem me feriu.
E aos poucos eu tô cedendo,
Por poder eu tô sedento.
Que se dane o karma,
Eu quero vingança.
Meu lado bom diz que tenho que dar o perdão.
E agir com mais coração.
Meu lado mau,
Quer cobrar um por um
E fazer uma retaliação.
Eu no meio disso,
Vivenciando uma loucura.
Duas criaturas,
E no final, um só.
Sanidade frágil tal qual
Uma parede de vidro.
Todo fim é um recomeço,
Sem bem que nem sei se eu mereço.
Não sei quantas vezes caí,
Perdi a contas de quantas vezes me levantei.
Mas, sei todas as vezes que errei.
Vivo desconfiado,
Verificando todos os lados.
Todas as dores me fizeram mais forte,
E hoje não temo a morte.
Depois de alguns anos percebi
Que me vi sozinho nessa estrada.
E que o mundo não me deve nada.
Não quero ser aceito nem de graça.
Quero me sentir vivo,
Um homem sem motivação
É só um esqueleto que se arrasta.