Monólogo da morte

Não entendo o porquê sou tão temida

Se de Deus sou apenas mais uma criação

E se estou em todos os momentos da Vida,

Minha irmã, desde o instante da concepção.

Às vezes chego, como a brisa, leve e serena

Outras venho, tal a tempestade, repentina e violenta

Mas nunca chego aos poucos, sou sempre plena

E só surpreendo à gente que anda desatenta.

Não preciso, nem quero todo esse temor

Exijo apenas o respeito e a aceitação

Pois sou a outra face da Vida e do Amor

E a todos eu preparo e ofereço o último leito.

A alguns busco e recebo com terno abraço

E esses recebem o descanso dos justos merecido

Porque desataram do desapego o cego laço

E o caráter, pelo egoísmo, não foi corrompido.

Outros preciso na hora final arrancar

Da matéria que à terra vai servir de alimento

Pois não compreendem que precisam recomeçar

Abandonando tudo o que causou sofrimento.

Se me dói ter de buscar os que vêm cedo

Ao meu encontro, seguindo o que o destino traça

Alegra-me sobremaneira trazer ao meu degredo

Quem, imprudente, os limites da Lei ultrapassa.

Enfim, eu existo independente de qualquer vontade

Não adianta fugir nem vincular-me à tola sorte

Pois guiam-me as Leis do Criador da Eternidade

Portanto, muito prazer, eu sou a Morte!

Cícero – 23-08-2017

Cícero Carlos Lopes
Enviado por Cícero Carlos Lopes em 24/08/2017
Reeditado em 24/08/2017
Código do texto: T6093498
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