A cruel, estúpida e derradeira morte

Humanos, nos sentimos inseguros,
receosos do tenebroso e inevitável futuro.
Medrosos, sem coragem de olhar por sobre o muro,
frágeis, desvalidos, fortes sequer para escutar um sussurro.

Esses são versos de desprezados desconhecidos,
situados ao longe das lembranças, eventualmente esquecidos!
Dai percebemos que somos viventes despercebidos.
Errantes no mundo, andarilhos com receio de não serem acolhidos!

Dá calafrios definir um caminho, um norte, sem saber andar...
Ir em frente, no tremedal das esperanças perdidas, sem soçobrar...

Incrédulos, restam-nos as etéreas indagações:
Por que açoita a alma esse pesar?
Esse recôndito  descaminho tem um fim,
que é o fim do rio que escoa para o mar?

Na nossa condição humana, temos sede!

Ora, que não se busque enganos!

Bem sabemos o que aflige a todos nós:
É a sede de sermos fortes,
De recusar o devir que impõe o triste epílogo!
É a sede de sermos infinitos e inteiros, sem cortes!

Sede de decifrarmos a vil esfinge ao fim da sofrida e bela vida,
virando o fio do letal aço da má sorte!
Sede, insaciável sede, de domar o intempestivo algoz,
a cruel, estúpida e derradeira morte!