A mocinha da janela

Quando passava tocando a boiada

Tinha uma casinha na beira da estrada

E na sua janela pequenina

Sempre debruçada uma menina

Espiava a passagem da garrotada

Como estando olhando para o nada.

Sempre ficava muito curioso

Queria parar para me apresentar

Mas como o tempo era custoso

Tinha prazo para a boiada entregar

Seguia em frente todo saudoso

Já querendo a menina avistar.

Mas naquele dia diferente

Ao passar pela casinha

Não vi a bela mocinha

Meu coração clamou tristemente

Com a saudade a me atormentar

Então resolvi ali parar.

Um vazio sem medida

Invadiu minha vida

Sem qualquer explicação

Tentei buscar uma razão

Mas por ser um ser limitado

Puxei o cavalo pro lado

E continuei minha missão.

Mas para minha surpresa fatal

Quando parei na primeira cidade

Fui para uma banca de jornal

E busquei notícias da humanidade

Estampada a foto com jeito jovial

Estava aquela bela mocinha no real.

Dizia que há muito tempo

Uma tragédia havia ocorrido

Por causa de um incêndio

Todas da família haviam morrido

E uma mocinha sempre aparecia

Em plena luz do dia

Na casa do triste ocorrido.

Para que ela descansasse

Aquele que lhe avistasse

Deveria oferecer com amor

Uma Santa Missa ao Nosso Senhor

Para livra la de tanta dor

Assim foi bem feito

E com muita dor no peito

Nunca mais a mocinha se avistou.