Apagam-se estes versos

A vida morre

naquele menino,

naquele animal,

naquela flor,

nas ervas daninhas,

na peste perniciosa,

nestas caixas vazias

em que a coloquei um dia.

Este desalinho,

estes devaneios,

tudo que acho belo,

tudo morre,

tudo apaga...

Apagam-se estes versos,

quando não mais os escrevo,

já aí eles começam a morrer...

De meus olhos

já não caem lágrimas...

não há alma,

não há nada!

Quando morta, meu corpo inexiste...

Quando viva, a alma quer ir embora...

Preciso libertar da palavra o verso,

deixá-lo ir,

não voltar...

a alma quer ir embora...

tudo morre,

tudo apaga!