O PRESÉPIO PEQUENINO

Ah, como é bom recordar

Meus Natais de outrora

Quando o sonho era o agora

E a vida canção de ninar.

Um presépio pequenino:

Do céu um pedacinho -

Uma vaquinha, um burrinho,

Pastorinhos de rosto afogueado

A adorar o Menino

Sobre palhinhas deitado.

E o povo simples, feliz,

Cantava canções ternas, singelas

E tão belas,

Lá na velha igreja Matriz:

‘Foi nesta noite venturosa

Que nasceu o Salvador,

E anjos de voz harmoniosa

Deram no céu o clamor:

Glória a Deus nas alturas

E paz na terra’...

Após a missa do galo

A alegre consoada,

Que doce regalo!

Bilharacos, e rabanadas,

Castanhas quentinhas assadas

No borralho da lareira,

E o bom vinho na picheira*.

E fora da porta a geada

De branquinho tudo pintava.

E as estrelas tão lindas a brilhar

Até pareciam piscar

P’ra Jesus menino,

Tão belo e pequenino!...

Eduardo de Almeida Farias

*(regionalismo) bilha de formato elegante

e de boca trilobada. 1999

Eduardo de Almeida Farias
Enviado por Eduardo de Almeida Farias em 18/12/2016
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