NATAL (Cordel)

NATAL

Paulo Gondim

Por mais que eu me esforce

Me custa um pouco entender

Tanta festa e euforia

Tanta coisa pra vender

Uns com tanto, outros com nada

Tanta gente abandonada

Sem ter nem o que comer

Me disseram que é natal

A festa de um Deus Menino

Que nasceu pobre, lascado

Miúdo e muito franzino

Mas não se fez de coitado

E se fez logo notado

Desde bem pequenino

Na sua vida de pobre

Se revoltou com a pobreza

Viu sua gente sofrida

Quando se encontrava presa

Pelo Império Romano

Cruel e tão desumano

Não existia moleza

Quando viu que o seu povo

Padecia escravizado

Se juntou com o seu primo

Que logo foi batizado

E partiram para a luta

Enfrentaram a força bruta

Pro povo ser libertado

Mas como gente burra é fogo

Não entendeu a missão

De quem mostrava o caminho

Pra sua libertação

Não demorou, foi traído

Por seus irmãos esquecido

Sofreu indignação

E hoje tem muita gente

Que faz festa em comoção

Nem se lembra pra quem é

Pois se esquece do irmão

Quem festeja o nascimento

Pede num breve momento

Sua crucificação