NÃO HÁ NOITE (ou Mãe retirante)

Não há noite...

Há somente a espera

De uma Estrela maior

Ofertada à escuridão.

Geme uma Mãe em dor

Mãe das dores do mundo

Furando novamente

O omisso silêncio

Em retirante vida.

Retira

Do sangue o destino,

Da sede a saída,

Da fome o caminho.

Retira lágrimas dos olhos

E molha o barro para ser abrigo

Do rebento que se impõe em vida.

Dorme tranquilo o menino

Alimentado pela alma da Mãe

Que acalenta o manto vazio

Ajeitando o futuro da sua saudade:

Exílio aceito

Atualizado em fugas

Estudos em terras distantes

De um corpo recortado em postas,

Deserto de si mesmo,

Encontrando no jejum do afeto

as suas respostas:

“Mulher, eis aí teu filho!”

Filho, olha a tua humanidade!

Compreende, então,

Que aquele que foi dado à luz

conhecerá a escuridão,

Mas à luz sempre se abrirá,

Abraçando cada um que ouse,

Por amor,

Caleidoscopicamente se encontrar.

Não há noite...

Stella Motta
Enviado por Stella Motta em 19/12/2018
Reeditado em 23/12/2018
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