DÁDIVA

Nesta feira de vaidades

Em que perdemos a vida

Esquecemos tantas verdades

Da vida que anda perdida

Quantos morrerão de fome

No tempo que escrevo o verso?

Quantos a fome consome

No nosso triste Universo?

E nós de barriga cheia

A tentarmos dar lições

A quem não tem, nem ideia

Do que sejam refeições

Queria falar de Natal

Queria falar de Jesus

Mas não me levem a mal

Não me preguem nessa cruz

Há tanta coisa a fazer

No reino que Deus nos deu

Há tanta coisa a esquecer

Tanta coisa se perdeu

O sorriso de criança

A revolta sem sentido

Há que dar vida à esperança

Neste mundo dividido

Um abraço ao inimigo

Um forte aperto de mão

Não há crime sem castigo

Nem castigo sem perdão

A minha pena afinal

É não ter nenhum talento

Para fazer do Natal

Um novo Renascimento

Sou um simples animal

Que veio ao mundo sem querer

E que deseja afinal

Que ninguém possa sofrer

Eu queria ser bom rapaz

Desejar-vos bom Natal

Mas sei que não sou capaz

Nunca me levem a mal

Pai nosso que estás no Céu

Olha por nós por favor

Enche de luz este breu

Enche este mundo de amor

ressoa
Enviado por ressoa em 17/12/2005
Código do texto: T87082