Simplescer

Como eu queria simplescer... como as flores!

Para ter a singeleza da criança

e do cão

e do roceiro,

– os quais, cada um, sem pudores,

pergunta ao idoso a idade,

oferece ao dono lealdade

e chega tão simples à cidade,

ainda que sem flores.

Simplescer!

Sempre terno,

queria viver, sempiterno,

no sorriso enrugado em resposta,

na barriga estufada exposta

e no matuto olhar que medra

diante da selva, sem flores, de pedra.

Simplescer na vida e, por fim, dar à morte a notícia

de que nunca precisei ceder à malícia.