Meu Oitizeiro

Na sombra do meu oitizeiro

descanso meu corpo fadigado

não fosse o cansaço danado

cantaria o meu velho Juazeiro,

ouço o cantar do sabiá

se banhando nas águas do riacho,

uma fêmea chamando seu macho

pra se amar no cheiroso Trapiá

Ao longe vejo minha tapera

feita de barro batido

pintada de cal encardido

onde o chamego me espera

É uma janela para o mundo

de simplicidade e beleza

rodeada de natureza

de silêncio quase profundo

Aqui de nada eu tenho medo

muito menos tenho tristeza

se não é farta a minha mesa

é garantido o meu sossego

Não sou um cabra sabido

das coisas lá da cidade

vivo na minha simplicidade

sem querer ser enxerido

Não sou muito letrado

do mundo eu desconheço

da vida eu tenho apreço

sem precisar ser estudado

Colho aquilo que planto

Trabalhando no sol a pique

como até Xique-Xique

sem encher os olhos de pranto

A não ser quando tô com saudade

da minha florzinha mimosa

cantando saudade em prosa

Juntando amor com felicidade

Ouço meu galo cantar

As três horas da madrugada

Eu gosto da minha morada

donde os pássaros vem cantar

Bem cedinho vou me banhar

No açude que aqui tem

ouvindo o cantar do vem vem

Até o meu dia raiar

Dou xero na minha querida

e saio pra trabalhar

da roça eu vou cuidar

Pra que não fique perdida

João Moura/Natal RN

Poetajoaomoura
Enviado por Poetajoaomoura em 11/12/2017
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