Meu Oitizeiro
Na sombra do meu oitizeiro
descanso meu corpo fadigado
não fosse o cansaço danado
cantaria o meu velho Juazeiro,
ouço o cantar do sabiá
se banhando nas águas do riacho,
uma fêmea chamando seu macho
pra se amar no cheiroso Trapiá
Ao longe vejo minha tapera
feita de barro batido
pintada de cal encardido
onde o chamego me espera
É uma janela para o mundo
de simplicidade e beleza
rodeada de natureza
de silêncio quase profundo
Aqui de nada eu tenho medo
muito menos tenho tristeza
se não é farta a minha mesa
é garantido o meu sossego
Não sou um cabra sabido
das coisas lá da cidade
vivo na minha simplicidade
sem querer ser enxerido
Não sou muito letrado
do mundo eu desconheço
da vida eu tenho apreço
sem precisar ser estudado
Colho aquilo que planto
Trabalhando no sol a pique
como até Xique-Xique
sem encher os olhos de pranto
A não ser quando tô com saudade
da minha florzinha mimosa
cantando saudade em prosa
Juntando amor com felicidade
Ouço meu galo cantar
As três horas da madrugada
Eu gosto da minha morada
donde os pássaros vem cantar
Bem cedinho vou me banhar
No açude que aqui tem
ouvindo o cantar do vem vem
Até o meu dia raiar
Dou xero na minha querida
e saio pra trabalhar
da roça eu vou cuidar
Pra que não fique perdida
João Moura/Natal RN