CORRENTEZA
Desce do riacho nos altos
Da cachoeira, mas tenta fingir
E prometa,
Tu és apenas correnteza.
O que banha o meu corpo,
O que brilha em meu rosto,
Mas tenta ocultar-me sem medo,
Tu és apenas correnteza.
Vela meu corpo entre a brisa
E o próprio cheiro de terra,
Fala comigo entre as relvas,
E teu leito em circulo navegas,
Deleita meu tempo e me nega.
Escuta? tenta compreender.
Vi você nascer de um pequeno riacho,
agora transborda sem retalho,
As águas que coube em seu tacho.
Naveguei entre suas águas claras,
E parei entre teu leito e meu leito
Parava, não sei se ia ou ficava,
nas noites frias de luas claras.
Tenta me compreender e me diga,
Se for verdade ou mentira,
Na gruta que também se fendia,
A lua que entre teu leito resplandecia.