Testemunha das trevas

Noite fria e chuvosa

Uma goteira persistente

Sobre a lareira ardente

Insiste em arrefecer as chamas.

Antes que eu possa

Colocar mais lenha e mexer nas brasas,

Um estrondo forte e distante

Apaga a luz ao redor

No mesmo instante.

Testemunha das trevas

Observo sob relâmpagos intensos

Criaturas da noite

Sibilarem suas velozes asas.

Protegido em meu canto

Acordado,

A lareira já sem brasas.

Vejo a chuva parar,

E o escuro manto da noite

Aos poucos se dissipar.

A chuva limpou o céu de um jeito

Que no longínquo horizonte

Vênus se pôs brilhar.