Terra Seca

A terra cobra seu preço. A poeira que sopra, o sol que queima. A semente que não germina, deixando infértil este chão.

O caboclo planta com o coração, deixando as mãos cheias de calo. Olha para baixo desanimado, para o alto, procurando uma nuvem que possa trazer um trovão.

Nesta esperança em vão, ele arregaça as mangas, chapéu na cabeça, tuia na mão. Vai ele para mais uma plantação.

Cavar a terra, arar o chão. Cadê as sementes? onde está meu pão?

As gotas que molham a terra saem de seu suor. As lágrimas se misturam sem nada adiantar.

Esta seca mata, extirpa os sonhos desse povo que luta. Arranca a vida de seu gado. Ossos espalhados, desolação. Este é o retrato do sertão.

Povo cabra macho, brasileiro nato, não desiste.

Enquanto houver força em seus braços, desejo no seu peito e um pedaço de terra, mesmo que seca, eles estarão lá, de enxada na mão e uma oração.

Porque pode faltar tudo nesta vida, mas a fé que move este povo, não os abandona.

Luiz Caeté
Enviado por Luiz Caeté em 18/06/2018
Reeditado em 30/06/2019
Código do texto: T6367254
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