OS RIOS DE MINAS...

Neste poema faço uma reverência aos Rios de Minas. Bem como um alerta sobre como temos levado à morte estas veias e artérias que garantem nossas vidas...

Mineiramente desconfiados,

Nascem no alto das serras,

Olhos d’água molhados

Abrem-se do âmago da terra...

Brotam límpidos, imaculados

Epifania de vidas que descerra...

Ligeiramente gestados,

No desenho do relevo, esculpidos

Braços abertos enamorados,

Correm nos campos como cupidos...

Mas seus corações flechados

Sangram quando são poluídos...

Mansamente transformados

Tornam-se fortíssimas corredeiras

Em terrenos menos inclinados

Parecem dormir tardes inteiras...

Mas, tão logo são acordados

Despencam em lindas cachoeiras...

Fortemente castigados,

Pelo escaldante sol do sertão

Jequitinhonha tão amargurado

Chora a seca de eucalipto no chão...

Mucuri, também maltratado

Sofre pela mesma ambição...

Discretamente calados

Levam vidas a cidades e florestas

Rio Paraopeba enlameado

Agoniza por práticas desonestas...

Rio das Velhas abençoado

Suas águas é o que nos resta...

Suavemente adocicado

Rio Doce, quem o irá salvar?

Paranaíba, Rio Grande aumentado,

Aumente nossa sede de amar...

São Francisco tão consagrado

Leva-nos até o mar, doce mar...

ESTEVAM MATIAZZI- NOVEMBRO DE 2019

ESTEVAMATIAZZI
Enviado por ESTEVAMATIAZZI em 17/11/2019
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