Quatro cantos de um quarto vento

Nega-se a palidez sem vertigem

Lacrimejam as mulheres sem o ruído do pranto

Ventanias delirantes, a dor é profunda aos que fingem

Vento que interrompe o silente santo

Quebrantam-se as portas com o vento estrépito

Fenômenos naturais carregam a lucidez dos insanos

Casais longínquos da lua de mel sofrem como grande arquétipo

Mágoas de outrora assumem novos corpos medianos

Viagens sem limiar de uma mente alheada

A ventania alija todos os infortúnios despudorados

Prostrou-se a sedosa cortina na pequena bancada

A lacrimosa de Mozart ameniza os tímpanos estourados

O frescor encerra a tristeza noturna

Ilha sem mar, paixão pelo vento do fim da tarde

O mestre repreende a aluna

A palavra não corta, mas sem a suavidade do vento a injúria arde

Caminhos tortuosos, espinhos e esferas cortantes

A força do vento folheia a agenda e os livros à mesa

Amarguradas, as senhoras perpetuam os semblantes

Doce vento, eufemismo da moca agressão à realeza

Anderson Cirino
Enviado por Anderson Cirino em 28/02/2006
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