Tolo bicho-homem

Tolo bicho-homem

Com sua - holística - visão

Limitada, manobrada, atrofiada

Pela perniciosa obsessão

Que tem à realidade materializada.

Rumina na vida engaiolada

Os alimentos que lhe são

Estupidamente servidos

Na bandeja da ambição.

Hoje, sequer vê que os dias idos,

Foram, do ontem, a manhã sonhada.

Tolo bicho-homem

Age feito canário na gaiola

Labuta para se nutrir de forças

Tão somente para gastá-las na rotina.

Tolo bicho-homem

Que exarcebado preza as jóias

Acumuladas em gavetas mofas

Enquanto a vida respira a felicidade mínima.

Tolo bicho-homem

Que se deixa absorver aziago

Por preconceitos ditados pela convenção.

Afeito à sapiência, dissolve o diálogo

E com indiferença lida com as coisas do coração.

Tolo bicho-homem

Que usa a inteligência, de modo ininteligível.

Desvirtua o viver, pois focado na matéria;

Olvida que paulatinamente a vida se oblitera

Em segundos e que num instante o amor é possível.

Tolo bicho-homem

Que insiste em danificar a natureza;

Que se esquece de sua condição animal;

Que se acha dono absoluto do universo.

Tolo bicho-homem

Que só tardiamente admite sua fraqueza;

Que enxerga no semelhante um inimigo mortal;

De tão beócio acredita desvendar os mistérios de Deus.

Cid Rodrigues Rubelita
Enviado por Cid Rodrigues Rubelita em 03/03/2006
Código do texto: T118134