Dizeres do sentinte
primeiro
divise-se um tempo
que não se apreste
a dizer-se menos horas
do que merece
ao sentinte
não é dada a culpa
de usar o tempo
como desculpa
primeiro
escreva-se nas veias
uma líquida moção
de que todo o sangue
está à mão
ao sentinte
é dada apenas a estrada
que nunca inventa
a retirada
primeiro
guarde-se a vida
como invólucro
de tudo que no outro
contradiz o ódio
ao sentinte
não é dada a ilação
de sofrer a vida
em solidão
primeiro
registre-se como possibilidade
a profissão de se morrer avulso
em benefício da verdade
ao sentinte
não é dada a perda
de se sentir menor
que suas quedas
por fim
diga-se a custo
que ao sentinte
é sempre dada
a possibilidade
de viver a longo curso
Aurélio Aquino
Enviado por Aurélio Aquino em 03/04/2006
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