Quarto
São cactos o que olho,
não desfolho a margarida.
As violetas que observo
são pobres, empoeiradas
e sem flores.
O tampo de vidro da mesa
me permite olhar o chão.
E nele, os tacos
envelhecidos, soltos, rachados
e quase sem brilho.
São quatro paredes,
porta, janela
de parca paisagem.
Dois grandes armários
guardam coisas e o que sou.
Seria um poema triste
se em minha cama de casal
a mulher que amo
não bordasse sonhos.