TODA MULHER
                                  (esta poesia está, também, em áudio)

Gosto de ouvir as mulheres.
Falam, falam, falam.
Nessas falas falam delas, deles, de tudo e de nada.
Escondem, escondem, escondem.
Há nas mulheres beleza e voluntariedade
guardadas nos aventais eventuais,
e gosto de ouví-las com suas falas cotidianas,
com suas falas família,
com suas falas responsáveis
contando economia doméstica e
venturas da pródiga descendência -
em admiração ao que nunca foram e
ao que jamais serão.

As mais velhas falam menos,
quando falam pontuam passado,
comparam  gerações e mostram nos olhos
um coração que bate lento, compassado,
generoso com a imaturidade alheia.

Gosto de ouvir as mulheres,
sobretudo quando calam.
Ouço seus inimagináveis sonhos 
dos lençóis negados  no convívio social;
nada as escandaliza,  nada as abala
quando sem fala gritam, gemem e
acordadas sonham sereias capturadas
por capitães de muitos mares.

Gosto de ouvir os contos-de-fada
dessas que não falam,
pois as ouço, incessantemente, em mim.


A Todas as POETISAS  E  POETAS  que observam as mulheres e as desnudam em seus poemas.  
UM ANO DE VENTURAS E LETRAS AOS MEUS AMIGOS DO RECANTO. Não citarei nomes para não pecar, mas lembro de cada um e se achegou a mim com palavras de carinho, incentivo e correção. Beijos, meus amados. Nana  
Divina Reis Jatobá
Enviado por Divina Reis Jatobá em 28/12/2008
Reeditado em 28/12/2008
Código do texto: T1356482
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