Mulher de Verdade

A mulher de verdade

Nasceu no dia em que a luz da igualdade

Brilhou sobre sua vergonha

A mulher de verdade

Nasceu gritando, lutando

Nasceu mais que tudo procurando

A mulher de verdade alcançou a liberdade

A mulher que não era essa

Era apenas uma simples peça

No tabuleiro do destino

Era um peão manipulado

Por um instinto assassino

Por uma fraqueza esmagadora

Uma vergonha sem tamanho,

Uma covardia assustadora.

Era menos que mulher,

Era uma sombra apagada,

Que não conhecia seu caminho

Não sabia de sua estrada

Que entregou sua vida um dia,

Pro obra e graça de um desejo

Sujo, bêbado e malfazejo

Que tratou de seu erro lembrar

Todo dia, em frente à cria

Com seu sangue a lhe tirar

Bendito o dia que a semente nasceu

E ela viu que “aquela não era eu”

Tomou as rédeas da própria vida,

Cansou de ao mundo pedir guarida

E tornou em senhora do seu futuro

Soube transpor o sólido muro

Que separa uma vítima da sociedade

Daquela que é uma mulher de verdade.

Hoje ela ajuda quem como ela sofreu

Orienta e procura ajudar a irmã

Que ainda tem medo de querer o que é seu

Uma vida digna, feliz e sã.

E hoje, ela se olha no espelho

Sabe que traz marcas da crueldade

Mas a ninguém nega o bom conselho

Deixar pra trás a adversidade,

Procurar vencer o medo e a vergonha

E conquistar a dignidade com que tanto sonha.