O Peso de Cada Coisa

Hoje há mais peso sobre meus ombros

E há areia, terra, e pedras em meu estômago

Há teias de aranha, poeira no meu âmago

E o peso que nem é real, são escombros.

Destroços de mal-entendidos, de erros

De esquecimentos, de desencontros

De músicas desnecessárias

Que não deveria ter ouvido

E de pessoas arbitrárias

Que bem fizeram em ter partido.

Hoje há mais cansaço em meus braços

E há dor, há incômodo, há uma vã promessa

De que os maus espíritos desapareçam depressa

Que deles não reste lembrança nem traço.

Uma imobilidade incômoda e cruel

Tinge de amarelo forte o meu cotidiano

E um futuro incógnito que não sai do papel

Segue firme, atrapalhando meus planos.

Procuro com a leveza da serenidade

Sacudir o peso, deitar à terra a carga

Em todo o desapego, em tudo que se larga

A marca de uma benéfica liberdade.

E sigo meu caminho, mesmo apanhando da vida

Sigo ciente de que o que é certo está por perto

E que as distâncias um dia serão reduzidas

E se encontrarão dois corações libertos.