Admirar-se...

A vida é extraordinária
Dentro do seu cotidiano
E das coisas ordinárias
Que acontecem na simplicidade
Em dimensão planetária...
 
Admira-se o extraordinário
Pela sua ocorrência inconstante
Mas não se admira o habitual
Porque é ocorrência natural...
 
O habitual é o ordinário
Que ocorre diariamente
Em cada nascer e morrer...
Não se admira, portanto,
O nascer do dia, porque é fato diário
Como o pôr-do-sol que tanto
Entristece corações em pranto...
 
A noite que chega natural
Não faz parar os que trabalham
Para admirá-la tão somente...
Param, sim, para repousar corpo e mente!
Mas esses fenômenos naturais
Dentro da suas existências reais
Não vêm causar admiração
Pelo simples fato de serem normais.
 
A beleza e a verdade
Da excelência da criação
São coisas simples, mas que não se entendem...
São acontecimentos que, pela sua simplicidade
Não causam maior análise, nem reflexão...
Sobre sua existência e sua condição
Ocupam os especialistas dessa questão.
 
Mas essas coisas simples, ordinárias
Deviam ocupar dentro de nós
Maior interesse, maior atenção!
Dê-nos a água... Dê-nos a pedra...
O que são? O sol? A lua e as estrelas?...
As flores e as cores do arco-íris?
A natureza onde tudo engendra...
Os sons, as texturas, as cores...
Podemos ouvi-los, senti-las e vê-las
Mas não ocupam dentro de nós
Tamanha admiração!...
 
Um olhar, um simples olhar para o céu
Vem nos dar a certeza
De que é preciso falar
Das coisas mais singelas...
Que na sua naturalidade
Não despertam nas pessoas
O mínimo de curiosidade
Mas são nessas ocorrências da vida
Que se vêem os mistérios da criação!