As Teias da Vida

O relógio eternamente suspenso

Sobre a cabeceira da minha vida

Bate horas, geme, matraqueia,

Em seu contínuo e rápido avançar

O relógio que rege o meu senso

Todas as horas desde a partida,

Nunca para, tique-taqueia

Tal a aranha, tecendo uma teia.

A intrincada rede de fios

Por onde passa o meu destino,

Meus infortúnios, meus desvarios

Seja eu homem, seja menino

Por vezes solto, outras enredado

Iludo a aranha, ou sou enganado

Mais que me ache da teia apartado

De nada adianta, o fim está traçado

Enquanto o vento, sopra caprichosamente

E a trama se altera ao sabor do seu soprar

Sigo vivendo, seguindo com a corrente

Aprendendo, ouvindo, e tentando amar.

E assim segue a vida, entre as teias do tempo

Não se trata da aranha, sua teia arrebentar

É aprender que a vida acontece a contento,

No espaço vazio entre os fios que na trama há.