Poesia a Fio

Sedoso fio do qual me utilizo

Para laçar palavras e letras

Que atiro com braço preciso

Camaleão a caçar borboletas

Fio que uso para costurar os tecidos

As tessituras que a vida me dá

Dos tempos futuros e dos tempos idos

E ajusto assim, para podê-las usar

Fio que tal qual prosaico barbante

Usado por mim para embrulhar os problemas

E de lado deixá-los, para em outro instante

Tornarem-se tijolos para novos poemas

Fio de prata, de ouro, ou cordame

Que pra tudo uso, para tudo avio

Fiação do vestido de uma madame

Ou amarras de cais para um grande navio

O fio da aranha que passeia em minha mente

A tecer emaranhados de promessa e oração

Procurando entrelaçar, poética mente

A teia feita, apurada, de realidade e ilusão.