Onde me leva o vento

Vais fugir?

Para onde?

Não sei

Algures

Talvez nunca mais te veja

Ou sequer tenha noticias

E num exílio perdido

Levarei comigo

Aquilo em que acredito

Partir

Por receio

Ou necessidade

Quem sabe obrigação

Levar na alma o medo

Levar no medo o coração

Desaparecer

Por entre as florestas e os trilhos

Pelos caminhos invisíveis do infinito

Andar de mão dada sozinha

Esquecendo jamais perdendo

O sentido ou a orientação

Dissipar

O que é bom e o que é mau

Fazer tudo evaporar

Sublimar

Congelar

Fugindo

Para encontrar

Ou perder

Correr

Em qualquer direcção

Porque a rosa dos ventos

Perdida está

E o tempo escorre

Pela ampulheta

Perdido na imensidão

Abraçar

O que é estranho

O que é peculiar

E nesse vazio achar

Ou talvez nunca mais procurar

Sequer uma explicação

Beijar suavemente

A amizade

E encontrar nela o abrigo

Para as libelinhas

De asas brilhantes

Que no percurso geo-botâncio

Encontro para me encantar

E por fim

Rendida e vencida

Descansar

No silêncio

Dos densos bosques

Onde nada é mais belo

Do que a luz que penetra

Por cada ramo

Tal qual janela

Do coração

Esquecida

Viva na recordação

Eternamente presa Aqui

Seguirei o rumo

Que o destino ditar

De cabeça erguida

Onde o vento me levar

Sonya
Enviado por Sonya em 11/08/2006
Reeditado em 11/08/2006
Código do texto: T214207